Uruguai e França são seleções importantes no cenário mundial, mas chegaram à Copa do Mundo da África do Sul rodeada de desconfiança pela campanha ruim na eliminatórias - ambas as equipes tiveram de passar pela repescagem. E, nesta sexta-feira, na partida de estreia no Mundial, justificaram o "pé atrás" dos torcedores.
Primeiro tempo sem grandes emoções
As equipes entraram em campo e mostraram o motivo de quase não conseguirem carimbar o passaporte para a África do Sul. A falta de criatividade foi evidente e a partida que era para ser um duelo entre dois times passou a ser uma disputa individual. De um lado, o time de Raymond Domenech dependida das jogadas de Ribéry, do outro, Forlán tentava de tudo para levar a Celeste à frente.
E foram justamente os dois jogadores que fizeram as respectivas torcidas levantarem da arquibancada. Ribéry, aos seis minutos, fez boa jogada pela esquerda e achou Govou bem colocado na área, mas o atacante, pressionado pela defesa, não conseguiu concluir em gol. Aos 15 minutos foi a vez de o Uruguai assustar. O atacante Forlán recebeu na frente da área, driblou o zagueiro Gallas e chutou fortemente, obrigando Lloris a fazer ótima defesa.
Dois minutos depois, o lance que mais se aproximou de balançar a rede em todo o primeiro tempo. A França teve uma falta perto da lateral esquerda. Gourcuff foi para a cobrança e, quando todos achavam que ele cruzaria para dentro da área, o meia bateu diretamente para o gol e fez com que Muslera voasse no ângulo direito para fazer a defesa.
O jogo ficou preso no meio de campo e sem muitas oportunidades para ambos os lados, sendo a posse de bola das duas seleções muito parecidas. Ao contrário do que se imaginava, a partida esfriou. Até que Lugano, ao tentar afastar o perigo da área uruguaia, chutou erradamente e mandou a bola no peito de Govou, que, da ala direita, cruzou para Anelka. Mas o atacante não conseguiu fazer o domínio na área.
A grande arma da França, porém, parecia ser a obediente defesa, que com uma linha de impedimento eficiente evitou que muitos contra-ataques uruguaios terminassem em gol. Apesar de a grande movimentação, poucas chances foram criadas e França e Uruguai foram para o intervalo com um empate sem gols e sem graça.
Segundo tempo sem mudanças de atitude
As seleções voltaram para o segundo tempo e a conversa com o treinador no vestiário parece não ter surtido efeito. A criatividade continuou sendo o ponto franco das duas equipes e o panorama do confronto não mudou. A estratégias adotada passou a ser de recuar enquanto não estivesse com a bola e atacar com tudo quando a possuísse.
Aos oito minutos, depois de boa jogada pela esquerda de Evra, a bola sobrou para Gourcuff, que chutou de primeira, mas a bola bateu na zaga uruguaia. Dois minutos depois, Toulalan resolveu testar se a Jabulani era mesmo traiçoeira e arriscou de muito longe e o Muslera caiu para fazer a defesa. Aos 14, foi a vez de Ribéry tentar o chute de longa distância, mas também não teve sucesso.
Depois da pressão francesa, o Uruguai se recompôs e conseguiu reequilibrar a partida. Aos 18 minutos, Folán cobrou falta para dentro da área, ninguém desviou e a bola sobrou livre para a defesa de Lloris. Pouco tempo depois, Suarez recebeu cruzamento da esquerda e dividiu a bola com o goleiro, que se atrapalhou na saída do gol, mas o árbitro assinalou falta do atacante. Quando o cronômetro marcava 27 minutos, mais uma vez Forlán levou perigo ao aproveitar rebote da defesa depois de escanteio e bater fortemente para o gol.
A partir daí, o que se viu foram dois times com medo de arriscar as jogadas ofensivas, temendo sair de campo derrotado. Os torcedores pareciam assistir ao mesmo filme sonolento do primeiro tempo.
Os treinadores das duas equipes bem que tentaram modificar o placar. De um lado, Domenech colocou Henry e Óscar Tabárez o botafoguense Loco Abreu.
A situação do Uruguai se complicou aos 36 minutos, quando Loreiro, que havia entrado 19 minutos antes, recebeu o segundo cartão amarelo e foi para o chuveiro mais cedo, deixando a Celeste com um a menos. Foi o primeiro cartão vermelho da Copa do Mundo de 2010.
Nos últimos cinco minutos de jogo, aproveitando a vantagem de ter um jogador a mais em campo, a França pressionou muito, mas não conseguiu balançar a rede adversária. Nos acréscimos, Henry bateu falta, mas a bola bateu na barreira.
Fim de jogo e o empate sem gols permaneceu no placar. Com isso, o Grupo A tem as quatro seleções com apenas um ponto cada depois da primeira rodada.
FICHA TÉCNICA:
URUGUAI 0 X 0 FRANÇA
Estádio: Green Point, Cidade do Cabo (AFS)
Data/hora: 30/2/2005 - 16h (de Brasília)
Árbitro: Yuichi Nishimiura (JAP)
Auxiliares: Toru Sagara (JAP) e Jeong Hae Sang (JAP)
Cartões amarelos: Victorino, Lodeiro, Lugano (URU); Evra, Ribéry, Toulalan (FRA)
Cartões vermelhos: Lodeiro, 36'/2ºT (URU)
URUGUAI: Muslera; Victorino, Lugano e Godín; Maxi Pereira, Diego Pérez (Eguren - 40'/2ºT), Arévalo, Ignacio González (Nicolas Lodeiro - 17'/2ºT) e Álvaro Pereira; Luis Suárez (Sebástian Abreu - 27'/2ºT) e Forlán
Técnico: Óscar Tabárez
FRANÇA: Lloris; Sagna, Gallas, Abidal e Evra; Toulalan, Diaby, Gourcuff (Malouda - 29'/2ºT) e Govou (Gisnac - 39'/2ºT); Ribéry e Anelka (Henry - 26'/2ºT)
Técnico: Raymond Domenech
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