sábado, 4 de setembro de 2010

Melancolia russa e comédia irônica marcam noite em Veneza


Os dois novos concorrentes da competição oficial exibidos esta noite no Lido não alteraram o tom fraco em geral de Veneza até agora. Depois do bom drama de Sofia Coppola, Somewhere, visto na manhã tumultuada por uma forte tempestade na ilha onde ocorre a mostra, foi a vez do representante russo Ovsyanki, ou Silent Souls no título internacional, e do italiano La Passione. Um contraponto total no tema, mas complementares no resultado frouxo, ou no mínimo convencional.

Convenção, ao menos, não é o caso do filme russo Silent Souls, de Aleksei Fdorchenko, que adaptou um romance contemporâneo sobre as lembranças de um escritor sobre seu pai poeta e a mãe que morreu no parto. Esse ponto de vista vem junto com a experiência vivida com um amigo do pequeno vilarejo onde moram. Ele acaba de perder a ex-mulher, numa morte com causas não mencionadas, de quem o outro era amante. Ambos viajam para se despedir dela numa tradição muito particular local. Primeiro queimam o corpo e depois jogam as cinzas num lago próximo, onde o casal havia passado a lua de mel.

Há uma interessante abordagem desses personagens, da relação dúbia que os une. Mas o saldo é um vazio dramático porque baseado essencialmente na estranheza de uma cultura nem sempre perceptível a quem não a domina, a chamada cultura Merja, antiga tribo do Lago Nero assimilada pela região oeste da Rússia.

Em outra ponta, La Passione, de Carlo Mazzacurati, é a repetição de um cinema narrativo e comercial que a Itália vem apresentando nos últimos anos, especialmente em Veneza, num exagero da escalação da casa. Nesse caso, pesa ainda mais a presença de Silvio Orlando, ator de fama por aqui, que ganhou o prêmio de melhor intérprete há dois anos por Il Papà di Giovanna. Ele apenas renova seu jeito bonachão e pouco cativante no papel de um diretor de cinema em crise, há cinco anos sem dirigir um filme e cobrado pelo produtor. Quando é chamado a verificar o vazamento de um imóvel seu numa aldeia da Toscana, acaba sendo coagido pelas autoridades locais a dirigir uma versão teatral para a Paixão de Cristo (daí o título). Sem saída, aceita e tem de lidar com o material humano e artístico que tem, ou seja, inexperiente. Há momentos espirituosos, que cabem mais ao ator Giuseppe Battiston, mas nada que justifique a presença numa vitrine, que se espera, venha surpreender e não mostrar mais do mesmo.

Fonte: Terra

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Postado por: vitor Marques às: 14:11 Categoria:

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